Post#14 – Quanto Mais Mangá Melhor: Pluto

Pluto é um mangá tão legal, uma história de ficção tão empolgante, com uma arte tão perfeita, que eu não tinha certeza de como escrever sobre ele de forma a fazer você se empolgar para ler, mas sem estragar a sua leitura. Mas acredito que consegui fazer isso sem danos a sua diversão, sem os tais spoilers.

O autor responsável por essa perfeita obra de arte é bastante conhecido no mundo dos mangás e também no Brasil. Naoki Urasawa, o mesmo autor de Monster e 20th Century Boys, ambos os títulos estão sendo publicados no Brasil pela editora Panini, por isso existe uma ponta de esperança de que essa história seja publicada por aqui, assim como outras do autor. Exceto Yawara!, essa eu acho difícil.

Pluto tem sua história baseada em Astro boy, de Osamu Tezuka, com supervisão de Macoto Tezuka e Takashi Nagasaki assina como coautor, e foi publicado na Big Comic Original entre os anos de 2003 e 2009. Conta a história de Gesicht, um policial robô que trabalha para o órgão da polícia internacional Europol. Ele começa a investigar algumas mortes de robôs e cientistas conhecidos pelo planeta, a única pista de início (Claro que depois as evidências levam a algo maior) é deixada pelo assassino de forma proposital: no local do crime, próximo às vítimas, são vistos dois chifres representados de uma forma peculiar. E com base nos acontecimentos, Gesicht tem que proteger cientistas e robôs importantes em diversos lugares pelo mundo e tentar solucionar o caso detendo o responsável. Nesse roteiro Urasawa faz perfeitamente o que ele fez em outras obras suas, desenvolvendo investigações policiais sob mistérios, sendo assim uma trama de suspense com a diferença de ser uma ficção científica. O autor tem o dom de fazer o leitor ficar preso nessa HQ, o que não é incomum em seus roteiros.

O mundo recriado por Urasawa (aproveitando o que Tezuka prontificou, lógico) é muito bem implantado, com diversas referências aos personagens originais de Osamu Tezuka, se baseia em um mundo futurista onde robôs e humanos convivem juntos, onde existem leis para ambos. Robôs jamais podem atacar seres humanos ou desobedecerem a suas ordens, mas com suas Inteligências Artificiais super avançadas, é de se esperar que não é bem assim que as coisas funcionam. Alguns robôs conseguem distinguir sentimentos (embora de início parece apenas ser sua programação), não é raro robôs constituírem famílias nesse universo. Pelo outro lado, há muitos humanos amando os robôs, mas não como um animal de estimação, mas sim como se fossem outros seres humanos. Mont Blanc é um exemplo de robô que protege a natureza e é amado por todos, tendo até um grande funeral público. Com tudo isso, pode ser percebido a crítica das pessoas amarem as máquinas mais que os próprios seres humanos, ou certos robôs serem aptos a amar, coisa que alguns seres humanos são incapazes de fazer. Por esse motivo, seres humanos estão errados ao amar uma máquina? O ser humano se tornou um bicho tão ruim que criou máquinas para amar da maneira que eles próprios não conseguem fazer?

Devido a esses fatores surge um grupo denominado KKK, que é contra a existência de robôs e como eles são inseridos na sociedade, e sua convivência com humanos. Esse grupo faz referência ao ku klux klan, movimento racista bastante conhecido. Enfim, para você ter uma melhor percepção de um todo da obra, terá que conferir por você mesmo.

Mas onde está o Astro boy nisso tudo? O universo foi baseado na obra de Tezuka, referenciando diversos personagens, mas o ponto de vista de Urasawa tem outro ângulo, não que o personagem Atom não tenha importância alguma. Tobio tem sua importância que será demonstrada no tempo certo. Atom tem até mesmo semelhanças se comparado o desenho original do Tezuka ao desenho do Urasawa.

Por falar em desenhos, o traço é o característico e inconfundível de Naoki Urasawa, muito competentes se tratando de ângulos, movimentos, e só contribuem para a qualidade da obra. O mangá é em preto e branco, possuindo alguns inícios de capítulos coloridos.

Eu queria muito que essa obra de arte fosse publicada por aqui. Trazem tanta tranqueira que coisas como Planetes, quando aparecem por aqui, me deixam feliz. Cara, leia Pluto. Leia qualquer coisa do Urasawa que garanto que não terá arrependimento algum.

Até mais!